O Boticário: a campanha que tentou unir pelo amor e separou pelo preconceito
No final de maio deste ano a rede varejista O Boticário lançou a sua campanha para o dia dos namorados sob o tema: "Casais". Ao meu ver uma campanha deveria unir as pessoas uma vez que o amor entre casais foi a base do vídeo que foi exibido na TV e na internet. Mas não foi isso que aconteceu, causou a maior polêmica e discórdia, principalmente em grupos evangélicos que condenam os direitos de igualdade dos homossexuais. Apesar do vídeo não conter nenhuma referência erótica, o simples fato de colocar dois casais homossexuais (dois homens e duas mulheres) em regime de igualdade com um casal heterossexual foi o suficiente para causar a ira da grande maioria dos evangélicos e de grupos cristãos conservadores. O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) já recebeu várias denuncias de consumidores sobre a peça publicitária e abriu até um processo administrativo para avaliar as denúncias. O que eu acredito que o órgão julgará improcedente tendo em vista que não houve infrações na peça.
Erro de marketing?
Será que a campanha foi um erro? Eu não sei dizer. Apenas sei dizer que foi uma atitude corajosa e inovadora da marca O Boticário, principalmente pelo fato de ter veiculado a campanha em um meio de comunicação de massa como a TV. Precisamos aguardar para ver o quanto que está campanha vai afetar as vendas e a imagem do O Boticário, uma vez que a campanha ainda encontra-se muito vinculada a imagem da causa GLBT. Uma consumidora que se identificou como Patricia, realizou uma reclamação formal no site ReclameAqui sobre a campanha: "Fiquei muito insatisfeita em assistir a um comercial onde ocorre a banalização das famílias no modelo tradicional, e onde aparecem famílias homossexuais, como se fosse normal. (...) Se tem na novela, eu mudo de canal, mas a propaganda está em todos os meios. Não quero que meus filhos assistam essa propaganda". E a empresa respondeu:
"Olá Patricia. O Boticário acredita na beleza das relações, presente em toda sua comunicação. A proposta da campanha ?Casais?, que estreou em TV aberta no dia 24 de maio, é abordar, com respeito e sensibilidade, a ressonância atual sobre as mais diferentes formas de amor ? independentemente de idade, raça, gênero ou orientação sexual - representadas pelo prazer em presentear a pessoa amada no Dia dos Namorados. O Boticário reitera, ainda, que valoriza a tolerância e respeita a diversidade de escolhas e pontos de vista."
Silas Malafaia X O Boticário
Após o lançamento da campanha, o pastor Silas Malafaia publicou um vídeo no qual convoca o seu público a boicotar os produtos do O Boticário. No vídeo o pastor afirmou que tem "o direito de preservar macho e fêmea, porque essa é a história da civilização humana". Mas parece que a estratégia do pastor não deu tão certo conforme matéria divulgada pelo site da Folha de São Paulo, a bancada evangélica viu como um "tiro no pé" a campanha de boicote do pastor. Agora resta saber se os evangélicos que frequentam a igreja de Silas Malafaia realmente são consumidores do O Boticário (será que eles usam perfume? rs). Mas uma coisa O Boticário não pode negar, eles tiveram um grande garoto propaganda: Silas Malafaia.
Nem tudo é "orgulho e preconceito"
Não é só de ódio, orgulho e preconceito que foram os feedbacks recebidos pelo público referente a campanha de dia dos namorados do O Boticário. Até o presente momento no Youtube o número de pessoas que marcaram que gostou do vídeo supera 380 mil avaliações e já quem não gostou é de 191 mil avaliações. E nas redes sociais foram várias as manifestações de apoio a marca, inclusive de humoristas:
Outras empresas que já se envolveram na causa GLBT
Se os evangélicos forem mesmo boicotar todas as empresas que se demonstram simpáticas a causa GLBT, eu acho que irão ter muito trabalho e recomendo que mudem de planeta, pois empresas como Facebook, Apple, Microsoft, Lacta, Banco do Brasil, Gol e entre outras já se demonstraram simpáticas a causa em diversas campanhas veiculadas em vários meios de comunicação. Veja alguns exemplos:
Magnum:
Sonho de Valsa:
Gol:
Banco do Brasil:
"O preconceito é um fardo que confunde o passado, ameaça o futuro e torna o presente inacessível."
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